Setembro, mês do repórter fotográfico - Conheça algumas curiosidades e histórias de um dos mais populares fotojornalistas esportivos de Sertãozinho

Setembro, mês do repórter fotográfico - Conheça algumas curiosidades e histórias de um dos mais populares fotojornalistas esportivos de Sertãozinho
Foto: Divulgação

Ser repórter fotográfico é muito mais do que apenas capturar um momento. Neste 2 de setembro é comemorado o Dia do Repórter Fotográfico, o profissional que consegue registrar fatos e acontecimentos marcantes, capturando as imagens no exato momento em que os mesmos acontecem.

Luciano André, considerado um dos principais repórteres fotográficos do esporte de Sertãozinho, é homenageado pelo Portal O Pinga Fogo.

Ele começou a carreira ainda cedo, aos 15 anos, como operador de áudio da Rádio Educação e Cultura AM. Antes de completar 19, fundou o impresso Notícias da Cidade, em 1995. Mas foi no jornal O Pinga Fogo que ele mais se destacou, sendo “protagonista” no fotojornalismo policial e religioso em Sertãozinho até em 2002.

Mesmo com bons registros no esporte ainda na década de 1990, Luciano André começou a priorizar o futebol somente em 2001, cobrindo quase com prioridade o Sertãozinho Futebol Clube e campeonatos do futebol amador.

Hoje, é fotojornalista oficial do Touro dos Canaviais e ainda presta serviços a outros clubes, como São João Futebol Clube, Grupo Esportivo São Joanense e Secs - Social Everest Club Sertãozinho.

Em entrevista, ele nos conta um pouco sobre trajetória no fotojornalismo.

 

O PINGA FOGO
Como é ilustrar reportagens policiais?

LUCIANO ANDRÉ
É um desafio. Antigamente os jornais reproduziam a imagem dos envolvidos em crimes. Até hoje a página policial é uma das que mais atrai a atenção do leitor. E, por isso, a publicação de fotografias de acidentes de trânsito e homicídios deve ser tratada segundo os princípios da Ética Jornalística.

 

O PINGA FOGO
Muita gente tem curiosidade em saber como é a vida do repórter fotográfico policial. Conte-nos um pouco sobre a sua experiência nesse seguimento.

LUCIANO ANDRÉ
Todo fotojornalista tem um pouco de história para contar. Uma vez um morador de um bairro de Sertãozinho chamou a polícia ao sentir cheiro forte em uma casa em construção. Lá foi encontrado um homem morto em estado de decomposição e sem sinais aparentes de violência. Fui fazer as fotos do local. O cheiro era tão forte que tive que passar shampoo no meu nariz durante uns três dias porque eu ainda sentia o odor.

Como qualquer outro jovem, já fui um pouco atirado. Uma vez fui fotografar uma das primeiras exumações de corpos no Cemitério Municipal Papa Paulo 6º. Estava bem acima de um dos caixões e de pernas abertas para registrar uma boa foto. A terra afundou um pouco, escorreguei e meus pés entraram na urna. Tive problema de pele com isso. Mas me recuperei rápido.

 

O PINGA FOGO
Por que a religião?

LUCIANO ANDRÉ
O catolicismo teve maior influência nos anos 90. Posso dizer que o assédio dos jornalistas à religião começou após a vinda do papa João Paulo 2º ao Brasil, em 1997, e com o fenômeno padre Marcelo Rossi. Isso despertou interesse e, qualquer assunto sobre as paróquias de Sertãozinho e até decisões da arquidiocese de Ribeirão Preto, virava notícia no Pinga Fogo.

 

O PINGA FOGO
Hoje você é considerado um dos principais repórteres fotográficos esportivos de Sertãozinho. Em seu trabalho já houve fotos vetadas de um treino ou por algum jogador?

LUCIANO ANDRÉ
Não. Isso nunca aconteceu. Uma vez dois jogadores do futebol profissional saíram no tapa na entrada do vestiário no intervalo do jogo. Não registrei. Tenho consciência de que tudo isso faz parte de uma partida tensa. O repórter fotográfico tem que ter ética para construir uma relação de confiança. No Sertãozinho, eu sou meu próprio censor. Às vezes, peço orientação ao diretor de Marketing Tcharles Bigheti sobre a possibilidade de divulgar ou não alguma foto.

Ser filho de vereador me atrapalha um pouco. Não sou ligado à política nem me envolvo. Quem me conhece sabe o que eu passo profissionalmente, além de ficar chateado com certas pessoas que confundem as coisas. Sou muito ético no jornalismo.

Uma vez um presidente da Câmara tentou me impedir de fotografar a sessão. Ele e meu pai, literalmente falando, viviam em guerra partidária. Isso me incomodou porque não havia motivo. Na época a Casa de Leis disponibilizava um Tape Deck para repórteres interessados em gravar o áudio das sessões para programas de rádio. Em Sertãozinho havia somente uma emissora, infelizmente, clandestina. Então, eu disse que se eu fosse vetado comunicaria à Polícia Federal sobre o caso.

Na sessão seguinte, os repórteres da rádio pirata não puderam mais usar o Tape Deck nem ficar na sala da imprensa da Câmara Municipal. Eles tiveram que improvisar paus de vassoura e fixar os gravadores com fita crepe para alcançar a caixa de som do teto e registrar as sessões.

 

O PINGA FOGO
Já se arrependeu de não ter feito a foto de algo que você presenciou?

LUCIANO ANDRÉ
Não. Recordo-me de um senhor que apareceu em uma das sessões da Câmara de Sertãozinho com uma latinha de cerveja. Ele tumultuava a sessão. Ao perceber que eu iria fotografá-lo, jogou a latinha nas escadarias de acesso ao plenário. O guarda pegou a latinha e o retirou. Na sessão seguinte, os vereadores aprovaram o artigo 39 da Resolução 15/01, de 2001, que vetou a entrada de bebida alcoólica na Câmara Municipal. A lei só existe porque o caso ganhou destaque em uma das páginas do Pinga Fogo.

 

O PINGA FOGO
Qual a diferença entre trabalhar para jornais e oficialmente para um time?

LUCIANO ANDRÉ
Para o fotógrafo de jornais, tudo é notícia. Todos querem dar o furo de reportagem, ou melhor, sair na frente da concorrência. Já o oficial, não importa se é de um time ou até do presidente da República, deve ter cuidado com o que divulga.

 

O PINGA FOGO
Gostaria de trabalhar para os chamados times grandes? Se sim, quais?

LUCIANO ANDRÉ
De verdade? Não. Nem na Seleção Brasileira (risos). Gosto de registrar a história da minha cidade. Sou grato em ter um excelente acervo do Sertãozinho FC, além de ser autor das principais fotos dos dois únicos títulos do clube no século 21.

 

O PINGA FOGO
Das suas fotos sobre futebol, qual é a mais preferida?

LUCIANO ANDRÉ
Tenho algumas. Uma delas é sobre um lance polêmico que definiu o resultado da partida entre Sertãozinho e Flamengo-SP pela Série A3 de 2016. A foto foi parar na Federação Paulista de Futebol. No finalzinho do jogo, Luan mandou para dentro das traves. De cabeça, o zagueiro Igor Prado, do Mengão, tirou a bola dentro do gol. E eu fiz a foto. O árbitro Ilbert Estevam não validou e jogadores e torcedores do Touro ficaram revoltados.

 

O PINGA FOGO
Conte-nos um pouco sobre sua experiência com fotografia analógica e digital

LUCIANO ANDRÉ
Trabalhar com máquinas de filme é apaixonante. Entrei para o fotojornalismo com simplicidade, não tinha certeza de seguir a profissão. No final do século passado, as câmeras compactas ainda eram muito utilizadas pelos jornais de Sertãozinho. E eu sempre tinha uma no bolso. A demora do processo de revelação fotográfica começou a afetar o jornalismo mais dinâmico. Não tínhamos laboratório nem quarto escuro. Fui o primeiro repórter fotográfico a publicar fotografia digital em jornal impresso de Sertãozinho. Minhas primeiras imagens foram registradas por uma Mavica.

 

O PINGA FOGO
O que dizer dessa profissão?

LUCIANO ANDRÉ
É prazerosa, mas pouco rentável financeiramente, principalmente em Sertãozinho e região. Para entrar neste ramo tem que ter força de vontade, perseverança e paciência para se destacar na imprensa, se quiser ser um repórter fotográfico.


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