Presidente do Touro queixa falta de patrocínios e pouco apoio da comunidade para o crescimento do Sertãozinho
Clube corre o risco de não disputar as próximas competições? Leia a entrevista
12/04/2023
O presidente do Sertãozinho, Régis Vilas Boas, concedeu entrevista ao Jornal Pinga Fogo, da Rádio Comunitária FM, para falar sobre a atuação da nova diretoria do clube e destacar a importância do apoio dos pilares empresarial, da população e do poder público para manter o time nas principais competições.
Segundo o presidente, a chegada da nova diretoria tinha como objetivo devolver o Sertãozinho para a Série A2 e, quem sabe, para a Série A1. No entanto, a equipe vem enfrentando dificuldades devido à falta de patrocínios e ao baixo apoio da população.
Ao apresentador Fernando Laurenti, Régis Vilas Boas explicou que chegou ao clube com uma realidade de oito a dez patrocinadores, mas nenhum deles continuou. Além disso, a nova diretoria tem enfrentado a baixa adesão do empresariado local e, apesar dos trabalhos feitos pelo atual presidente, não tem atraído grandes investimentos para o futebol grená.
Confira os principais assuntos discutidos:
Pinga Fogo: Dr. Régis Vilas Boas, antes falávamos que o senhor era o dono do Sertãozinho, dono da SAF, porque não deu certo?
Régis Vilas Boas: Era um modelo de negócio que estava sendo implementado logo que a gente assumiu o clube e por segurança, foi idealizado esse modelo, mas ele não prosperou.
Pinga Fogo: E aí deixou de ser o dono do time. O senhor passou a ser o presidente da diretoria executiva.
Régis Vilas Boas: Fui eleito para ser presidente na diretoria.
Pinga Fogo: Qual foi o papel do Galeano nessa história?
Régis Vilas Boas: O Galeano tinha um projeto de continuar conosco, mas ele tem um filho que está jogando no Palmeiras, muito bom jogador, e também tem uma filha pequena e, em determinado momento, entendeu que não conseguia dividir porque a cidade é longe de São Paulo para voltar todo dia, toda semana. Na prática, ele percebeu que era inviável e aí pediu para se desligar do projeto.
Pinga Fogo: Como o senhor levantou dinheiro no ano passado e esse ano para administrar o time nesses dois campeonatos em que disputou (Série A3 e Copa Paulista), já que o senhor não teve apoio. Como que o senhor colocou dinheiro? Veio de onde esse dinheiro?
Régis Vilas Boas: Recursos próprios. Os meus recursos próprios.
Pinga Fogo: Aí alguém pode perguntar o seguinte. "Ué, mas ele não veio para ser um investidor?" “Ele não veio para colocar dinheiro para fazer jogador, para negociar e para ter retorno”?
Régis Vilas Boas: Essa é uma impressão que muita gente tem do futebol. O futebol da Série A3, Série A2, é deficitário. Eu não vim aqui com a expectativa de vender jogador porque não se vende jogador da Série A3, da Série A2, isso é uma miopia das pessoas. Enxergamos o São Paulo vendendo jogador, o Corinthians vendendo jogador, o Santos vendendo jogador, o Palmeiras vendendo jogador. Esses clubes vendem jogador, nós não vendemos jogador. A prova disso é a seguinte. Quantos jogadores o Sertãozinho vendeu nos últimos 15 anos? Não tem jogador, então isso é uma utopia.
Pinga Fogo: Mas, por exemplo, o Militão saiu daqui de uma escolinha e outros jogadores que estão por aí saíram de outras escolinhas particulares. Por que saem das escolinhas particulares e não saem do Sertãozinho Futebol Clube?
Régis Vilas Boas: Olha, primeiro que eu não tenho a precisão da informação. Eu posso estar sendo impreciso, mas não saíram do Sertãozinho FC porque não tinha uma base própria que é o que eu criei agora. Por isso, gostaria que a cidade apoiasse e entendesse isso. É isso que eu queria implementar na cidade, mas aparentemente ninguém enxerga. Mas a minha visão de negócio é justamente isso: trazer orgulho para a cidade novamente. Como conseguimos isso? Fazendo com que o garoto de 11, 13 anos se capacite para que quando ele tiver com 15, ele dispute em alto nível, com 17 ele dispute em altíssimo nível e com 20 ele vá para um clube grande. E você não tem como concorrer com o time grande. E como é que vamos concorrer com uma estrutura? Pegam o pai da criança, leva lá e mostra a estrutura. Infelizmente temos que ser realistas, não adianta fingirmos que não acontece, mas o Sertãozinho FC não tem uma estrutura, falta isso. Não tem CT algum. Então esses olheiros de times, são muito profissionalizados e muito inteligentes. Eles não falam com jogador de 15 anos, eles falam com os pais, levam os pais até lá e mostram um projeto de longo prazo.
Pinga Fogo: O senhor gastou R$ 300 mil por mês no ano passado, mais R$ 300 mil por mês esse ano, isso resultou em algo?
Régis Vilas Boas: Nada. Quisemos mostrar para a cidade e dar uma atividade no segundo semestre de continuidade e de lazer também. A cidade aqui é ótima, mas ela não tem uma imensidade de opções de lazer. Então quisemos oferecer isso para mostrar para a cidade que viemos para ficar, que investimos, que acreditamos no projeto e, de fato, o retorno para nós foi muito ruim.
Pinga Fogo: Foi prejuízo?
Régis Vilas Boas: Foi um prejuízo danado. Este ano, nessas condições, não devemos disputar a Copa Paulista. Se a cidade não apoiar, se a população não apoiar, é inviável continuar.
Pinga Fogo: O senhor está arrependido?
Régis Vilas Boas: Não. É um projeto de longo prazo. Só acho que a cidade, o clube, o time está sofrendo mais do que deveria. Mas é um projeto de longo prazo, como é todo o investimento em esporte. Não estou arrependido, mas a gente, a população e o nome da cidade não podiam sofrer como estamos sofrendo.
Pinga Fogo: A probabilidade de o senhor desistir, desanimar e falar: "Olha, gente, estou indo embora. Fechei as portas aqui. Toma a chave, alguém de Sertãozinho aí que tem interesse pega e toca”, existe?
Régis Vilas Boas: Se eu entender e a cidade entender que não vale a pena investir no clube, a cidade como um todo, isso vai refletir em mim. Se a cidade desistir do clube, isso vai refletir no meu negócio. Neste momento não é impossível que eu devolva e assuma todo o prejuízo do período, porque, assim como eu disse, é uma operação deficitária, mas ela precisa ser deficitária até um determinado momento. Ela não pode ser do jeito que é. Hoje, por exemplo, a gente tem uma curva de receita que a gente apostava, ela não aconteceu aqui. Ela acontece em todos os outros clubes da Série A3 e a gente desejava que isso acontecesse no Sertãozinho FC também. Se a gente entender que a cidade não tem esse interesse, não é descartada a possibilidade de repensarmos o projeto.
Pinga Fogo: Outro problema sério que o senhor tem pela frente aí, que é um problema da fiscalização da Federação Paulista de Futebol, que já notificou Sertãozinho FC, já deixou o clube avisado que o Estádio Frederico Dalmaso se permanecer nas condições atuais para o ano que vem dificilmente será liberado para uma nova disputa da A3. Como é que está essa situação? Qual foi essa última conversa que teve com a Federação?
Régis Vilas Boas: A FPF está num objetivo muito claro de profissionalizar a estrutura dos clubes como um todo. Então ela convoca os dirigentes dos clubes para uma série de cursos profissionalizantes, porque a Federação Paulista, ela está à frente de todas as outras federações do Estado. E ela tem um intuito muito claro de fazer o futebol paulista acima de todos os outros. E, nesse contexto, um dos pilares da FPF é a estrutura do estádio. Então fizemos uma reunião com secretários aqui da cidade no ano passado, mostrando as exigências da federação. Por uma razão que desconheço, as reformas que foram exigidas não aconteceram. Conseguimos convencer a federação a aceitar o Fredericão nas condições atuais e disputamos os jogos aqui, mas é muito provável que se o estádio estiver na situação existe um risco muito alto de não conseguirmos mandar os jogos aqui na cidade.
Pinga Fogo: Como o senhor tem buscado o apoio do empresariado local?
Régis Vilas Boas: Toda a semana estou aqui. Então temos feito uma série de reuniões, algumas pessoas da cidade nos ajudam muito para fazer essa intermediação, para que eles nos recebam. E apresento o projeto do clube para todos eles. Mas estou à disposição sempre que precisar.
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